ENSINO E APRENDIZAGEM, QUEM SÃO OS RESPONSÁVEIS?
17 de julho de 2019
Artigos
O processo de ensino-aprendizagem pressupõe a participação ativa da tríade aluno,escola e família. E há de se considerar que, nesse processo, o aluno é o protagonista e precisa ocupar o lugar de sujeito capaz de refletir criticamente sobre sua própria aprendizagem,estabelecendo metas, estratégias e gerenciando o seu próprio desempenho escolar.Mas, por vezes, vemos pais e professores discutindo as notas, a postura disciplinar e as estratégias de estudo na ausência do aluno.
Tiramos de cena o ator principal. Avaliamos,concluímos e definimos o roteiro que ele deverá seguir sem ouvi-lo. É preciso abrir espaços de diálogo e reflexão, acreditando que o aluno dispõe de recursos próprios para participar da construção dos caminhos de superação. Não podemos subestimar a capacidade das nossas crianças e dos nossos adolescentes, desconsiderando- os nos momentos de tomada de decisão, se queremos um sujeito autônomo.
A escola e a família estão diretamente implicadas na ação educativa das crianças e dos jovens. Ambas essenciais, insubstituíveis, mas com papéis distintos. A escola, por mais que desejemos, não é uma extensão da nossa família, e os professores, tampouco, são pais, mães ou tios de nossos filhos.São profissionais que atuam em um espaço público, não privatizável. Portanto, o calendário de provas não pode ser alterado em função de uma festa ou viagem familiar. O fato de o pai julgar irrelevante o estudo de determinado conteúdo não é motivo para a escola suprimi-lo do currículo; os prazos para entrega de trabalhos ou os critérios de avaliação e correção não serão alterados em função de demandas ou problemas de ordem pessoal. Enfim, no espaço escolar, não é possível legislar em benefício próprio, pretendendo que esse espaço coletivo atenda a todo e qualquer interesse individual. Com isso não quero sugerir que a escola negue a individualidade do sujeito, mas, ao contrário, amplie a consciência, sensibilizando-o para o compromisso com a coletividade, ajudando-o a compreender que o mundo não gira em torno dele, mas que ele faz parte de um mundo que precisa da flexibilidade, da abertura, da crítica e da presença humanizadora de todos. É nesse espaço, distinto do contexto familiar, que o aluno vai aprender a esperar, ceder, ouvir, negociar, adiar, dividir espaço e atenção.
Os pais, por sua vez, não são os professores particulares dos próprios filhos. Impossível dispor do tempo, dos recursos e do conhecimento para trabalhar as dificuldades específicas dos diversos conteúdos. Tirar uma dúvida do dever de casa, discutir um tema da atualidade ou analisar uma prova são tarefas próprias de quem acompanha e se interessa pelos estudos dos filhos, mas as aulas formais acontecem é na escola, e os pais não são profissionais da educação.
A ação educativa parental exige presença e impõe a necessidade de um processo de permanente diálogo e reflexão. Ao assumir a responsabilidade acadêmica, não basta que os pais acompanhem os resultados ao término das etapas ou do ano letivo. Essa atitude pode nos colocar diante de surpresas desagradáveis e da constatação de que perdemos um tempo precioso em que estratégias poderiam ter sido revistas em prol de uma aprendizagem mais significativa e de um resultado mais satisfatório. Portanto,não podemos ser passivos e ficar esperando que as notas das provas ou do boletim cheguem até nós ou que a escola nos ligue ou agende uma reunião para informar sobre a performance acadêmica dos nossos filhos. Pais e filhos precisam assumir uma postura ativa de implicação constante, de forma que o conhecimento acerca do processo de ensino – aprendizagem do educando não seja monopólio da escola. Chegar à escola e dizer que não sabia das notas ou da realidade escolar do próprio filho é preocupante e aponta para a falta de diálogo e de uma participação mais efetiva dos pais no dia a dia do filho.
Frente ao exposto, cabe – nos repensar a relação com nossos filhos e alunos, tendo clareza das responsabilidades e do papel que podemos e devemos desempenhar na sua vida escolar. Precisamos firmar uma relação de parceria, acreditando na possibilidade do trabalho conjunto e na força de uma ação educativa severamente comprometida com os limites, a ética, a promoção e a valorização de uma vida mais humana e solidária.
Estamos a disposição para te atender e conversar sobre tudo que a Rede Nossa Senhora das Dores tem para oferecer.
Entre em Contato